segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Os casos de violência doméstica e o efeito do álcool

50% deles ocorrem sob efeito de álcool

A gravidade das agressões também cresce quando há ingestão da droga

Pesquisadores da UNIFESP realizaram uma pesquisa em 7.939 domicílios espalhados por 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. De 34,9% de casos de violência doméstica relatados, 17,4% ocorreram sob efeito do álcool. O estudo também aponta que a gravidade das agressões é maior quando há ingestão da droga. O uso de armas e o abuso sexual (tanto ameaça quanto consumação) ocorreram, respectivamente, numa proporção dez e quatro vezes maiores, quando comparados aos domicílios nos quais o agressor não estava sob efeito do álcool.

levs.marilia.unesp.br
A crença de que o álcool é responsável pelas agressões diminui a culpa do agressor e aumenta a tolerância da vítima. A droga lícita mais utilizada no Brasil - com estimativa de 74,6% de uso na vida e 12,3% de dependência, de acordo com dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp - não somente está associada à violência como também parece favorecer o seu prolongamento.

Apresentado como dissertação de mestrado pelo psicólogo Arilton Martins Fonseca, o levantamento comparou a recorrência das agressões e verificou que, nos domicílios com agressores embriagados, a violência ocorre três vezes mais em períodos de um a cinco anos; seis vezes mais, entre 6 e 10 anos e, quatro vezes mais, quando as situações ultrapassam uma década. De acordo com o psicólogo, a crença de que o álcool é responsável pelas agressões diminui a culpa do agressor e aumenta a tolerância da vítima, podendo favorecer novos episódios. "Além disso, o padrão crônico de beber pode ser importante fator na reincidência das agressões e agravado quando a dependência já está instalada", afirma.

Independentemente de sinais de embriaguez, os agressores são, em sua maioria, homens. Entretanto, quando o álcool está presente nessas situações, o sexo masculino é responsável por quase 90% dos casos de violência, contra 53% quando o homem está sóbrio. Entre as vítimas mais atingidas estão as esposas (35,7% quando há embriaguez e 17,9% nos episódios com sobriedade).

Medo, vergonha e despreparo

Procurar ajuda ainda é um obstáculo a ser superado, tanto por quem apanha quanto por quem agride. 86% das vítimas de agressores alcoolizados e 89% dos agressores sóbrios nunca procuraram ajuda. Entre os agressores alcoolizados, apenas 11,4% procuraram apoio especializado para diminuir ou parar o uso da droga.

Segundo o psicólogo, fatores como medo, vergonha da família e perante a sociedade fazem com que muitas mulheres deixem de denunciar seus agressores e de procurar ajuda em serviços de saúde básica.

Fonte: Retirado do site http://clubedemeninosehomens.blogspot.com.br/  em 03 de setembro de 2012 às 20h00min.

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